Medo, resignação, submissão e engano. Foram estas as palavras utilizadas pelo deputado Carlos Rodrigues para caracterizar a posição do Partido Socialista da Madeira, durante a discussão do Orçamento do Estado.
Numa intervenção, realizada antes do período da ordem do dia, na Assembleia Legislativa da Madeira, o deputado começou por explicar cada um adjetivos para fundamentar o seu ponto de vista.
Medo de apresentar propostas, já que se resumiram a duas. Segundo o deputado, ou não encontraram assuntos dignos de serem apresentados e "estão satisfeitos com tudo o que Lisboa determina, ou "alguém lhes mandou calar e não fazer ondas".
Resignação porque "foram silenciados pelo Primeiro-Ministro, obedeceram servilmente, baixaram a cabeça, tiraram o chapéu, estenderam a mão e deixaram-se humilhar pela direção partidária nacional".
"António Costa e os seus sicofantas amordaçaram os deputados socialistas eleitos pela Madeira", disse.
E é nesta sequência que Carlos Rodrigues entra na questão da submissão: "Tal como aqui na Assembleia da República, a principal preocupação dos deputados socialistas madeirenses é defender o Estado contra a Madeira, defender o governo da República contra a Madeira, trair aqueles que os elegeram só para ficar bem junto dos seus senhores e mestres."
O deputado salientou que basta ver algumas intervenções desses mesmos deputados, elogiando desgraçadamente o ministro Mário Centeno, num chorrilho baboso de encómios exagerados e disparatados. Um verdadeiro exercício de adulação emocionante e fanática".
E, por fim, o deputado sublinhou que o PS "enganou, propositadamente e em conluio com o governo de António Costa, todos os madeirenses, não olhando a meios para mostrar o seu seguidismo acrítico e silencioso".
Ou seja, "enganou e mentiu descaradamente, sem apelo nem agravo", disse Carlos Rodrigues, sublinhando que "enganou os conservadores, votando contra a proposta que reponha injustiças na respetiva carreira, enganou os guardas prisionais, os funcionários judiciais, as forças de segurança, os trabalhadores aduaneiros, negando-lhes o subsídio de insularidade".
Enganou também os trabalhadores dos matadouros, recusando-lhes equiparação da sua situação aos colegas dos Açores e do continente, assim como todos os madeirenses, ao votar contra a proposta que garantia a implementação das alterações ao subsídio social de mobilidade, já este ano,
"Temos de agradecer ao PS o facto de continuarmos a ser obrigados a adiantar à TAP valores pornográficos, especulativos e inaceitáveis", afirmou, referindo que, "graças ao PS, tudo se mantém na mesma".
Enganou ainda os madeirenses ao chumbar a linha ferry, ao votar contra a redução dos juros, permitindo que a Madeira continue a ser "explorada pela ganância e sofreguidão gutural do estado português", e ao recusar-se a pagar o passe sub23 aos estudantes do ensino superior regional.
Enganou os policiais da Madeira ao chumbar a construção de novas esquadras.
"Esta é a matriz do PS_Madeira, a matriz do medo, da resignação, da submissão e do engano", reafirmou, ao que juntou as invectivas dos seus "algozes de serviço". Um desses exemplos foi o ministro Pedro Santos dizer que "os madeirenses deveriam ter juizinho quando se queixam da TAP". Outro, um Secretário de Estado a lançar farpas à Madeira e a referir que o Orçamento do Estado não era um peditório.
Carlos Rodrigues lembrou que se tratam de exigência e não de pedidos aquilo que os madeirenses reivindicam do Estado.
O deputado salientou que, ao contrário do PS, os deputados do PSD-Madeira não estão na Assembleia da República para agradar à direção nacional, mas sim para "garantir os direitos e interesses da sua terra".
"O que os madeirenses esperavam era que os deputados eleitos por eles, independentemente, do partido, tudo fizessem para os defender", disse, acrescentando que "é incompreensível que o PS, aqui na Madeira, defenda a aplicação já do subsídio de mobilidade, da linha ferry e da redução dos juros para, depois, na Assembleia da República, chumbar".
O deputado referiu ainda que "não há postura mais criticável do que a manifestada por aqueles que se esqueceram de onde vêm, quem têm de defender, quando se metem num avião e chegam a São Bento", adiantando que "um madeirense, eleito por madeirenses é, o sempre, todos os dias, não só ao fim-de-semana".
"O que todos gostaríamos de ter visto era os seis deputados eleitos pela Madeira votarem favoravelmente tudo, o que significa a defesa dos nossos direitos, melhores condições e não a dissidência interesseira em nome de uma disciplina partidária castrada e intolerável".