Na audição que teve lugar na Comissão de Transportes e Turismo, no Parlamento Europeu – na qual participaram responsáveis de empresas europeias de vanguarda no desenvolvimento de tecnologias associadas a combustíveis alternativos – ficou claro que a Europa está confrontada com prazos muito apertados para a produção e utilização massificada das chamadas “energias limpas”. Uma audição que, para a eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar, “foi muito importante, até para perceber que, no futuro, a eficácia dos combustíveis irá variar em função do tipo de transporte que utilizarmos. No marítimo, por exemplo, a energia utilizada vai depender do tamanho dos navios, da rota, do tipo de mercadoria ou passageiros que transporta, o que coloca muitos desafios ao nível das infraestruturas de abastecimento”, disse.
Para a eurodeputada, “a indústria está a fazer grandes esforços, quer ao nível dos combustíveis de transição como o gás natural liquefeito, quer ao nível do aumento de escala relativamente a combustíveis de emissão zero, como o hidrogénio ou amónia, mas é importante que os Estados invistam em tecnologia de abastecimento, focados em várias fontes de energia”.
As Regiões Ultraperiféricas, pelas especificidades que apresentam, “têm um enorme desafio pela frente, porque a elas afluem todo o tipo de transporte marítimo e aéreo e as infraestruturas terão de ser criadas, devendo para isso garantir-se apoio financeiro robusto”, defendeu, na ocasião, a eurodeputada do PSD, vincando que, “mesmo ao nível do transporte terrestre e especialmente em Portugal, é importante que exista uma descentralização dos postos de carregamento para territórios de baixa densidade, extravasando, desta forma, a lógica das grandes cidades, sendo que neste sentido a UE tem uma importante palavra a dizer em termos de regulamentação dos custos de exploração destes espaços e no roaming de carregamento dentro da própria União”. Hoje, prosseguiu, “carregar um carro elétrico na Europa é ainda uma tarefa muito complicada, atendendo à escassez de postos e à inexistência de sistemas harmonizados de roaming que permitam aos utilizadores recorrerem às diferentes redes de carregamento da UE e Portugal precisa, neste caso concreto, de apoio da União para chegar ao patamar de outros países mais desenvolvidos”, sublinhou Cláudia Monteiro de Aguiar.
“Se queremos chegar a 2050 com zero emissões, a transição deve começar já a ser processada e a Europa deve criar as condições financeiras e legislativas para que tal aconteça, nomeadamente através da revisão da Diretiva Infraestrutura para Combustíveis Alternativos”, concluiu a eurodeputada do PSD.
Refira-se que, nesta audição, estiveram presentes Julia Poliscanova, da empresa Vehicles and Emobility, T&E; Stefano Messina, Presidente da Assarmatori; Thorsten Lange, Vice-Presidente da Renewable Aviation Neste e Carlos Jesus, CEO da portuguesa Zeev.